Ele veio ter comigo e...

Ele chegou e deu-me um abraço...
Olhou para mim e disse-me: " Estás linda!..."

Sorri para ele e agradeci, retribuindo com um: " Tu também estás muito bem!"

Perguntei-lhe se a viagem havia corrido bem, ao que me respondeu: " Bem? Melhor que bem! Bastava-me saber que vinha ao teu encontro que faria mais 600kms se fosse preciso!"

Levei essa resposta em consideração... não é qualquer pessoa que o diz sentindo precisamente o que fala.

Fomos almoçar e conversámos bastante; conversámos o suficiente para eu compreender que gostava realmente de mim e que eu não o poderia magoar.

Ainda a almoçarmos, pegou na minha mão e beijou-a olhando nos meus olhos. Senti-me constrangida, mas deixei que o fizesse.
Assim que achei ser o momento proprício, comecei eu a falar-lhe tudo o que tinha para lhe dizer.
Entendi por bem demonstrar-lhe que ele é sem duvida uma pessoa fascinante e com quem gosto de estar, mas que não poderia ( pelo menos agora) oferecer-lhe o que ele buscava...

" Preciso de estar muito apaixonada para namorar com alguém... e embora te ache fantástico, a paixão ainda não tomou conta de mim!" - disse-lhe eu.

Perguntou-me uma vez mais se eu pensava em outra pessoa e eu mais uma vez fui sincera e disse-lhe que sim, explicando-lhe que também não me encontro apaixonadissima por esse alguém, mas que também não conseguia evitar deixar de pensar nele.

Perguntou-me se essa pessoa seria um entrave para eu me envolver com outro homem, ao que lhe respondi que não, que não era mas que preferia estar com ele do que estar com uma outra pessoa qualquer; porque nele eu confiava... Porque o conheço, porque sei como ele é e sei o que esperar dele.

Expliquei-lhe que desde que estive pela 1ª vez com essa pessoa que só nos têm surgido problemas, mas que o melhor de tudo isso é que nós simplesmente ignoramos e continuamos a nossa vida como que se de nada se tratasse.
Expliquei-lhe também que sinto um enorme carinho por esse alguém e que me é impossível saber que haja B ou C que lhe queira mal, que eu não admitiria tal coisa.

Olhou nos meus olhos e disse-me: " Em tempos tive uma amiga assim... apaixonamo-nos e vivemos em segredo essa paixão; ela também era mais velha, muito mais velha. Não ligavamos ao que os outros pensavam e apenas sabíamos que nos sentíamos bem um com o outro. Riamos, falavamos, desabafavamos, partilhavamos tudo! E eu gostava dela e eu sei que ela de mim, mas pensas que algum dia tocámos nesse assunto? Nunca, parecia Tabu. Mentalizamo-nos que eramos apenas amigos mas sem fugir um do outro; os meus passos e os dela, cada um de nós tinha conhecimento deles. Sabes o que aconteceu?"

- "Não... o que foi?" - perguntei-lhe.

- " Faleceu o ano passado, em meados de Outubro. Nunca tive oportunidade de dizer-lhe o que sentia. De lhe dizer o quanto gostava dela e esperava que um dia ficassemos juntos. Estava a família dela presente no funeral e tu não imaginas o que era eu estar a chorar e sem nada poder dizer, sem nada poder demonstrar... A vontade de gritar e dizer o quanto gostava dela era de tamanha vontade que eu tive que me ir embora e a unica pessoa que veio comigo foi ( X ), e foi com ele que desabafei toda a verdade. Ele apenas me disse que já sabia de tudo, que sempre o soube. Chorei muito, dias a fio. Nunca fui visitar a sua campa, não consigo. Ainda hoje me lembro de tudo, de locais onde estivemos, de conversas, das nossas noites, dos abraços..."

- " Lamento..." - disse-lhe.

De um momento para o outro senti uma maior proximidade com ele... O ter-me contado aquilo fez com que eu sentisse que confiava em mim e que me queria fazer ver algumas coisas que por vezes estão ocultas em nós.

Fomos dar um passeio, ele pegou-me na mão... virou-me para ele e eu sei que queria um beijo, mas eu não consegui corresponder.

- " Sei esperar, acredita que sei! Hoje podes não gostar de mim, mas também sei conquistar quem gosto e se me achavas chato, não sabes o que te espera!" - disse ele olhando nos meus olhos a sorrir.

Despedimo-nos com um até amanhã...

E eu apenas queria que o amanhã me trouxesse quem eu realmente quero...


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