sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Recordar...
Depois da tempestade vem sempre a bonança... e que bom, ela por fim chegar.
Ultimamente tenho andado distraída com as mudanças cá de casa. Sempre que posso, pego numa das 20 e tal caixas que ainda tenho por abrir na sala de jantar e resolvo arrumar tudo o que existe dentro dela...
Neste momento estava a arrumar uma em que escrevi: " Quarto - Gavetão da cama". Abri-a e qual o meu espanto quando encontro o album de família e amigos...
Peguei nele e sentei-me no sofá. Os meus cães fizeram o obséquio de me fazer companhia enquanto folheava o album e as lágrimas enchiam os meus olhos.
A minha avó... O meu avô... eu quando pequena... a prima que foi criada pela minha mãe, ao meu lado.
O baloiço... o baloiço construído pelo meu pai, teria eu uns dois ou três anos de idade...
A casa... a minha casa de infância. A casa que eu chamava "a casa de madeira".
A minha mãe... O meu pai... a minha madrinha que sempre me estimou e ainda hoje me trata como se sua filha fosse.
O tio Fernando com o seu uniforme do exército...
O Jorge a dar-me um abraço... o menino que me ofereceu um anel em prata quando fiz 8 anos e me prometeu que nunca me haveria de esquecer dele - e não esqueci. Sei que actualmente mora em vieira do Minho, sei também que casou e tem uma filhota.
O Bruno Duarte, o Bruno ( melhor amigo de infância) a quem dei o meu primeiro beijo! "Vamos dar um beijo à novela"; "Vamos!" - e assim foi.
A Sandra, que aos 9 anos partiu para o Luxemburgo com a família e voltei a rever aos 17 anos - encontrando uma menina mulher, já com um filho nos braços...
A Lisa ( irmã do Jorge) e os seus cabelos longos, que tante inveja me faziam por serem lisos e os meus, longos também, mas repletos de caracóis loiros.
A Carla, a minha querida carla... hoje uma mulher feita; mora em união de facto com o Filipe que bem sei que a estima e lhe dá todo o amor que nunca teve a não ser de mim. Tanta coisa vivemos... o desapêgo dos seus pais, a tristeza por saber do envolvimento da sua mãe com dezenas de homens... a tortura que era ouvi-los enquanto estudavamos na sua sala...
A Estela, a minha mentora do jardim de infância... aqueles olhos pintados que me assustavam no fundo, porque o exemplo de mulher que tinha em casa ( minha mãe) era tão simples... sem pinturas, sem máscaras...
E tantos e tantos mais... que me deixam saudades e outros tantos que saudades não deixam.
E é tão bom, por momentos parar e relembrar cheiros, vozes, sorrisos... e as lágrimas que teimam em rolar pelo rosto inundadas de saudades, não sei como, conseguem queimar-me o coração...
E existe algo melhor do que as boas recordações?...
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